quinta-feira, novembro 22, 2007

Casa Pia...."Benta Pia"

Passados 5 anos das primeiras denúncias de abusos sexuais na Casa Pia, e após a antiga provedora garantir que ainda existam abusadores dentro da casa pia, volta-se a ter o tema nas primeiras páginas dos jornais.
Em minha opinião um dos factores que levou ou leva, para que esses abusos continuem a manter-se, é o facto de já se terem passados 3 anos desde o início do julgamento do primeiro “caso Casa Pia”, e não se vislumbrar fim á vista.

Obviamente os abusadores estiveram mais cuidadosos, mas perante uma máquina judicial lenta, que quase deixa cair em esquecimento o caso, voltaram os velhos hábitos, difíceis de esquecer.

Foi, é e será difícil em 5 anos apenas, alterar rotinas colegiais. De certeza que por ai, a trabalhar em instituições não governamentais, se encontram bons educadores, bons formadores, enfim toda uma equipa de técnicos necessários para trabalhar com um "produto" instável e problemático (atenção que não estou a dizer que também não os haja na Casa Pia), e que o governo (instituições governamentais) tem uma capacidade financeira maior que as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social). É como os jogadores de futebol, os melhores estão nos melhores clubes, que simultaneamente são os que pagam melhor, com ordenados a nível dos melhores. Penso que deveriam as instituições governamentais, serem ainda mais criteriosos na escolha dos seus colaboradores.

Não sei se me faço entender…….

Falando nestas novas suspeitas sobre dois educadores de um dos colégios da Casa Pia, não sei se serão acusações verdadeiras ou não, apenas, quero deixar aqui duas opiniões pessoais, de método de trabalho, que tento aplicar no meu dia a dia. Alguém que trabalha com jovens, nunca deve efectuar uma saída, sozinho com um grupo, para que caso aconteça algo de mais grave poder sempre existir algum outro técnico que posso confirmar o que realmente se passou, mas este é um principio básico (acho eu) que se aprende quando nos estamos a formar para exercer, o outro, e este tento seguir ainda mais a risca, é o de não envolver e expor a nossa vida pessoal, com os jovens, e quando falo em vida pessoal, falo de números de telefone, mails entre outras coisas. Parece estranho o que vou dizer, já tive jovens a convidarem-me para sair, ou ir fazer isto ou aquilo, mas sem ser em contexto laboral e acompanhado por um colega, numa actividade programada, não o faço, porque cada vez mais nós os educadores, monitores, formadores, estamos expostos ao fácil falso testemunho (falo de todo o tipo de situações que podem levar á polémica). Não deixo de ter um bom relacionamento com muitos dos jovens com quem trabalhei e trabalho, mas existem certas barreiras que não devemos transpor para nossa segurança profissional.

Como diz um senhor (Álvaro Costa) que oiço todas as manhãs na sua rubrica na Antena 3, no “Programa da Manhã”, “é o que eu vos digo!”
"Se não queres que ninguém saiba, não o faças."
(Provérbio chinês)