terça-feira, fevereiro 06, 2007

Quando um dia Partiu....




A traineira sai em mais um amanhecer de verão, a bordo, seus homens de pele escura de tantas horas plantados debaixo do sol.
As gaivotas seguem-lhes o rasto, quase parecendo que saúdam sua partida. Sentado numa esplanada está um homem, já fora um deles, ronda os 70 anos. Desperta cedo, ritualmente 7 dias por semana, nada o prende á cama, nada lhe prende á vida….nada…!
Diz quem lhe conhece a voz, que ficou assim de amor, por sofrer de amor….não se lhe conhece amigos, perdeu-os ao longo da vida e filhos longe, do outro lado do oceano, nunca quis sair de perto do seu coração que foi levado quando seu amor morreu.
Religiosamente o mesmo empregado lhe serve um copo de leite e uma torrada…sem nunca o terem dito, consideravam-se amigos, quase família, quase avó e neto…
Um dia á hora da partida das traineiras, o homem não estava, os homens de pele escura esperaram, esperaram, esperaram….
Nesse dia, não saíram para a pesca, e nunca lhe chegaram a dizer como sentiam a falta dele na faina. A essa mesma hora um copo de leite não foi bebido e uma torrada não foi comida, e o empregado nunca lhe chegou a dizer que o considerava um amigo….sentia-se triste por isso….
No meio da sua tristeza, sorriu, pensando que finalmente o seu amigo, tinha ido para onde estava o seu coração….que alguém levou quando um dia partiu…..

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