segunda-feira, fevereiro 12, 2007

E Depois do Referendo


O País terá mergulhado na mais acesa discussão e divisão do período pós 25 de Abril e de um sistema politico que se apelida democrático.
Quem me conhece sabe que detesto politica e políticos, e confesso que foi a 1ª vez que fui votar, á 8 anos atrás, aquando do 1º referendo, fui mais um daqueles que deu como garantida a vitória do sim.
Para mim a pergunta era clara….”Se concordava com a despenalização do aborto….” Não era se concordava ou não com o aborto, aliás ninguém que votou sim, concorda com o aborto como meio contraceptivo, ou votou porque acha que as mulheres vão agora engravidar para depois abortar porque “é fixe” faze-lo, temos ou tivemos a consciência que esta abertura na lei era necessária, reforçada com mais 8 anos de estudos, dados e em que nada mudou, nada evolui.
A pergunta que me levanta agora e que julgo deve também inquietar muitos, tenham votado sim ou não, é e depois do referendo…??
Como será a lei, como será vista a mulher ou os casais que o praticarem, como será a sua privacidade e anonimato, como se comportará a oposição (os que votaram não)?
É precisamente esse o ponto que penso levantará mais polémica (salvo qualquer surpresa), como já aqui escrevi, os abutres estarão á espera para irem comer a carne, no dia em que algo correr mal, principalmente a igreja, mas a esses, digo-lhes que olhem para o passado negro que tem atrás de si, e principalmente no número de mortes que carregam, para poderem impor a religião cristã….
Importante será também o papel dos pais, já por mim diversas vezes falados, que tem de ter consciência que, tem de pôr de lado os preconceitos de abordarem a temática da educação sexual com os filhos, porque não fazerem-se ou divulgarem-se mais “formações” para pais sobre este tema? Pequenos truques, formas de abordagem, que quem sabe um dia poderão evitar certas situações, é como uma frase que li no outro dia de August Strndberg “…os filhos são educados como se fossem ficar toda a vida filhos, sem nunca se pensar que eles se tornarão pais”, e como eu não acredito na história da virgem Maria ou na história da cegonha, é dever dos pais falarem e ajudarem os seus filhos nessa questão…penso que conservadorismo, faz acreditar aos pais, que os seus filhos são assexuados, mesmo depois de serem avós…
Quanto á escolas e restantes educadores / formadores, continua a cair sobre nós uma grande responsabilidade neste campo, principalmente nas escolas, onde os nossos jovens adolescentes passam cerca de oito horas do seu dia, para quando nas escolas espaços para responder ás dúvidas?
Em suma para mim a principal questão foi uma, que poucas vezes ouvir falar nos debates, a da prevenção, que é seguramente o meio mais eficaz, para diminuir o número de abortos, para essa prevenção acontecer, é necessário educar os portugueses, a falar abertamente sobre sexo e educação sexual.
Ps: uma nota para a forma como os apoiantes do não, aceitaram os resultados da votação, aparentemente de uma forma civilizada e sem grandes "ondas", vamos ver é se não será ..."vencidos mas não convencidos..."

Sem comentários: