quinta-feira, agosto 31, 2006

mexendo no baú....

Corpos que bailam
Movem-se rapidamente ou ao passo lento da vida
Movem-se esbeltos e quentes
Cheios de querer, mais parecendo mar
Com uma força que tu próprio sentes

Corpos que bailam esquecendo magoas
Ou tentando esquecer!
Sabendo que uma dura verdade
Apenas tentam esconder

Corpos que se movem
Cheios de vida repletos
Corpos que bailam
Ao som de sons concretos

Corpos…formas de seres
Que com a tristeza ralham
Deixai-os viver
São apenas corpos que bailam


Actores
Ergo-me todas as manhãs
Para contemplar o belo mundo horrendo
Para representar neste palco
Que me fustiga e me vê sofrendo

Não tenho bem a noção
Do que me assusta mais
Se o palco onde bailo conscientemente
Se o meu mundo feito de imagens irreais

No entanto continuo erguendo-me
E vendo em meu redor vultos hipnotizados
Que serão apenas figurantes da minha peça
Que actuam sozinhos, mas não isolados
Por mim este palco onde represento
Em todas as manhãs que me ergo
Seriam todos os lugares, todos os sonhos
Onde com a minha imaginação chego

Mas não! Por mais que imagine
Este palco não muda
E a voz que espero ouvir
Continua a chegar-me surda

Mas não desisto de me erguer
Para continuar a contemplar o belo mundo horrendo
Para continuar a representar uma peça
Da qual fazes parte, mesmo não sabendo


Numa noite
Recordo o gosto do vivido!
Saboreio cada momento passado,
Cada gesto, cada olhar, cada palavra trocada,
Penso em ti enquanto a cidade dorme.

És a lua ou simplesmente a rua deserta que contemplo,
Numa noite fria, na luta contra a insónia,
Lágrimas febris de emoção, escorrem sobre o rosto,
Aquecendo-o na sombra gelada da escuridão.
Salpicando o corpo anónimo, dominado pelo vazio.

Chego ao extremo de forçosamente duvidar,
Da tua existência enquanto ser superior
Nego-te?? Não! Nego o sentimento acorrentado, amordaçado,
Experimento cumprir o árduo ritual do esquecimento.

Mas eis que respiro uma melodia perfumada que te trás de volta
É na chegada do sufoco que se atinge o limite!
Ergo a voz na tentativa de buscar-te, seja onde estiveres
É então que bruscamente se solta o grito aflito.

Ouves o meu grito! Não te manifestas!
Não sabes se é ensurdecedor ou mudo.
O teu silencio é mau, madrugada, tempestade
Mas não é só inspiração, é também dor

Por isso tenho presa em escutar a tua palavra
E espera é eternidade quando se ama!
Descobriste-me!
Tiras-te a mascara que me protege
Reconheço!
Rendo-me a eficácia do teu feitiço


Se a insegurança foi o preço da perda
É certo que ela se deixará morrer no instante
Em que voltar a ter algo que comigo trago
Sempre presente.
A doçura do teu olhar….!
algumas coisa que escrevi ...algures há 10 anos atrás....

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