terça-feira, fevereiro 26, 2008

Quero sair á rua e parar o tempo....


O gosto de abrir a janela e sentir-me, pelo sol abraçado!
Antes de tal momento, já ouvi os cânticos da multidão madrugadora, maioritariamente de meia idade ou mesmo idosos!

O rei brilha com toda a sua força e alegria, convidando os catraios, para virem até ao pátio, esfolar seus frágeis joelhos, sujarem acidentalmente seus trajes de domingo!
Lembro-me que já um deles fui, e sorriu com essa lembrança, distante, mas sempre uma lembrança!
Respiro fundo, e por mim a dentro, entra a fresca brisa marítima, purifica-me interiormente, tal como um banho quente me purifica a alma!

Sinto-o mas não o vejo, sei que parte do seu leito, está por de trás de prédio que me cega!
Que importa essa cegueira, se hoje me diz “bom dia”, com tanta intensidade, que quase pareço mergulhar nele enquanto o respiro!

Falta-me tempo!
Para redescobrir as amizades antigas, aquelas que não se diluem com o tempo, mas que a transparência do tempo que me falta, quase faz desaparecer!
Falta-me tempo!
Para os diálogos parvos de café, sem sentido, falar só por falar, regados com a frieza dos copos de onde brota espuma de cevada, porque falar só por falar, seca a garganta, e a conversa não sai fluida!

Quero sair á rua neste dia para ter esse tempo, para me deixar beijar pelo sol, para respirar o rio, para os parvos diálogos, com aqueles que não quero, que a transparência do tempo, faça desaparecer!

Quero sair á rua e parar o tempo....

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