sexta-feira, dezembro 23, 2005

Centro de inclusão ou de exclusão

Nestes 4 anos que tenho de trabalho nesta área tão sensível, (como deve imaginar), como é a área da prevenção da delinquência juvenil, foram acontecendo pequenas histórias, pequenos acontecimentos que de uma forma ou de outra, penso que me ajudaram a ser melhor profissional.
Desde ir buscar jovens a esquadras, a lidar com situações em transportes públicos, a lidar com os problemas de famílias, etc….todas ela histórias que dariam sempre pano para mangas….
Mas de todas elas quero pegar numa mais recente, numa que faz que num período em que tenha duvidas sobre a importância do meu trabalho, me agarre a ela, e me faça continuar a pensar que vale a pena, é certo que tenho outras do género, mas esta é particular porque foca a importância do bom ou mau trabalho dos centros que acolhem jovens…
Um dia, chegado ao meu local de trabalho encontro uma jovem, que habitualmente frequenta o meu espaço, mas que está inserida num centro (colégio) para jovens problemáticos, e ela diz-me “valdo fugi do colégio e não quero voltar” para resumir e para ir ao motivo porque escrevo este texto, a historia acaba num esforço conjunto de uma equipa para convence-la a voltar livremente para o colégio.
E é sobre este colégios que vos quero falar…..muitos dos miúdos/adolescentes que lá se encontram, são jovens com histórias de vida já por si complicadas, alguns vivendo até então num clima de violência, inseridos desde cedo num sistema educativo que pelos meios sociais onde estão inseridos nunca irá resultar, acumulando dor, revolta, maldade dentro deles, seguindo trajectos que os levam até esses centros educativos de supostamente são de inclusão, mas que acabam por ser de exclusão, centros onde ou os educam pela disciplina regida, ou se continua a alimentar todo o potencial de raiva que já existia. O caso mais mediático terá sido Célé, um jovem da cova da moura que andou de centro em centro, fugiu várias vezes, tornou-se marginal, refugiado no seu bairro, espalhou terror por Lisboa e Amadora e hoje depois de morto pela policia é visto como um deus, um mártir entre os jovens dos bairros do concelho da Amadora.
Voltando aos centros, penso que sofrem pelo facto de estarem institucionalmente ligados ao estado, facto que faz com que “a maquina” ande mais devagar ou não possa ser inovada, noutros países esses centros existem, mas foram entregues a instituições privadas, trabalhando os jovens individual e colectivamente, para depois serem devolvidos á sociedade, tendo os governos papeis de observadores e financiadores ou gestores desses projectos, ou seja, é entregue ás instituições sociais á sociedade parte da responsabilidade de recuperar esses jovens.
Quando falamos de jovens, estamos a falar de uma “mercadoria” que não é exacta, não se pode avaliar o ser humano por peso ou por outro critério qualquer, teremos que entender e buscar o passado desses jovens, para tentar melhorar o seu presente e perspectivar um futuro, se importamos quase tudo, porque não importar também os possíveis bons exemplos para que tenhamos mais sucesso em relação aos jovens que passam por esses centros de (ex)inclusão social

Ps…quando falo nestes centros falo de uma forma geral…mas como em tudo existem os bons e os maus centros
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